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Muitas vezes achamos que tudo que sabemos, tudo que somos foi uma escolha nossa, sera?
Será que não apenas reproduzimos o que nossa sociedade é?
Será que realmente somos autônomos?


A história não é uma disciplina decorativa como muitos pensam, pelo contrário ela busca fazer com que as pessoas pensem, critiquem, reajam aos acontecimentos em sua volta, não como bonecos, marionetes, mas como seres consciêntes e capazes e mudar seu "destino".

PENSE, SINTA, VIVA HISTÓRIA

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Revolução Inglesa (2º Ano)

As revoluções inglesas do início do século XVII vieram representar um marco significante na vida europeia e na história da sociedade ocidental, uma vez que, pela primeira vez na história, a burguesia, aliada à pequena nobreza, assumiu o poder e lançou as bases necessárias para uma nova ordem, que se caracterizou pela hegemonia do parlamento.


            Esse processo revolucionário que se desenrolou na Inglaterra tem suas raízes nas mudanças socioeconômicas que vinham ocorrendo anteriormente. Durante a dinastia Tudor (1485 – 1603), a política mercantilista de monarcas poderosos, como Elizabeth I, ajudou o país a se transformar em uma grande potência econômica. Na época, ela liderava o ramo da indústria têxtil e o da produção de carvão, sendo, inclusive, uma das maiores potências marítimas. No início do século XVII, os comerciantes, industriais e armadores constituíam uma burguesia próspera e atuante.

 

AS MUDANÇAS DA SOCIEDADE INGLESA

 

 

Gentry

          
O capitalismo não se restringia às cidades inglesas; chegava também ao campo, onde a gentry (pequena nobreza rural) enriquecia a grande salto ao praticar a agricultura comercial. Todavia, mesmo sendo do campo, a gentry buscava se ligar à burguesia das cidades, tanto por meio de negócios, quanto por meio de casamentos.

            Outro grupo que vinha enriquecendo consideravelmente eram os yeomen (pequenos e médios proprietários rurais). Tanto os yeomen e os gentry produziam e vendiam lã e alimentos que eram exportados pela marinha mercante inglesa.

            Para continuar produzindo, alimentos e ovelhas (para a indústria têxtil), eles começaram a ampliar seus domínios, todavia para isso acontecer houve a expulsão do campo de camponeses e pequenos proprietários na prática que ficou conhecida como

Yeomen

cercamento.

            Em meio a realidade do cercamento, aqueles que eram expulsos de suas terras tornavam-se andarilhos, mendigos, ocorrendo também o êxodo rural, onde muitos iam para as cidades e transformando-se em mão de obra barata e altamente explorada. Outros iniciaram também um processo de imigração para a colônia inglesa na América, as 13 colônias.

            Com isso, nas cidades inglesas haviam dois mundos, um da rica burguesia mercantil e manufatureira e outro formado por uma massa de trabalhadores urbanos e de desempregados. A maior parte da burguesia inglesa era favorável à liberdade de produção, assim como de comércio, considerando, assim, a política monopolista e regulamentadora da monarquia inglesa, como prejudicial aos seus negócios.

 

O ACIRRAMENTO DAS TENSÕES

 

            No início do século XVII, a Inglaterra vivia a ascensão do nacionalismo, que se identificava com a causa protestante. Em 1588, o governo da rainha Elizabeth I, a Inglaterra conseguiu vencer a Armada Espanhola. O aumento da frota para enfrentar o poder marítimo espanhol, assim como outras políticas adotadas pela rainha para atender aos interesses da burguesia mercantil inglesa, acabaram desequilibrando as finanças do reino. Para resolver essa situação, o governo pediu empréstimos ao Parlamento e recorreu a outras medidas, como a venda de bens da coroa e concessão e venda de monopólios comerciais e industriais. Essas medidas acabaram impedindo o poder monárquico de seguir o exemplo e outros reinos europeus, que criaram fontes permanentes ou novas alternativas de recursos.

         

Rainha Elizabeth I

  
A morte de Elizabeth I, em 1603, criou um grave problema sucessório, pois a rainha não deixou herdeiros diretos. O trono passou então para seu primo, Jaime Stuart, eu já era rei da Escócia. O sucessor da rainha não recebeu dos ingleses muito apoio político e social, isso ocorreu, dentre outras coisas, pelo fato dele ser defensor da teoria dos direitos divinos do rei.

            A relação entre o monarca e seus súditos piorou em 1610, quando o rei tentou fugir ao controle financeiro do Parlamento e impôs medidas como o monopólio real sobre as indústrias de tecido. Valendo lembrar também que nesse período houve grandes movimentos migratórios em direção a colônia na América, onde muitos partiam para escapar da tirania da Coroa.

            Com a morte de Jaime I em 1625, assume seu filho Carlos Stuart, todavia ele foi obrigado a assinar a Petição de Direitos, que buscava diminuir o poder do monarca, através da proibição do rei de convocar o exército ou de adotar medidas econômicas sem a aprovação do parlamento. Mas o tiro saiu pela culatra e o novo rei acabou fazendo as mesmas coisas que seu pai, agindo de forma autoritária, sobretudo nas esferas econômicas e religiosa (Buscou impor o anglicanismo aos escoceses, que eram em sua maioria presbiterianos).

            Em 1634 o rei traz de volta uma antiga lei, um imposto que era específico de cidades portuárias, o ship Money, aliás, Carlos I não só trouxe de volta como expandiu para todas as cidades, ampliando o descontentamento.

            A insatisfação popular com tudo que vinha ocorrendo gerou uma crise política. O rei se viu pressionado, por uma situação fruto dele mesmo, a convocar o Parlamento, a Assembleia permaneceu funcionando entre os anos de 1640 e 1653, no que ficou conhecido como o longo Parlamento.


            Os representantes do povo passaram a defender reformas e a fazer oposição às iniciativas reais. A crise chegou ao ponto de ruptura quando eles exigiram o cumprimento da lei que proibia o rei de dissolver o Parlamento, além da convocação de reuniões pela Assembleia pelo menos uma vez a cada três anos. Em resposta a tudo isso o rei mandou fechar o Parlamento e prender seus principais líderes. Isso tudo levou a precipitação de uma longa guerra civil, que durou de 1642 a 1651, onde de um lado estava o rei Carlos I, apoiado pelos lordes e pela dissidência da pequena nobreza. Do outro lado, a Câmara dos Comuns.

 

PURITANOS VERSUS CAVALEIROS

 


            O Parlamento Inglês era formado por duas câmaras: Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. A Câmara dos Lordes era formada pelos Lordes Espirituais (a alta cúpula da igreja Anglicana) e pelos Lordes Temporais (Nobres pertencentes a alta aristocracia que herdavam o lugar na Assembleia).

            A Câmara dos Comuns era composta de grandes burgueses e pelos gentlemen, ou seja, pertencentes à gentry. Os parlamentares representavam o conjunto da população, embora fossem formados apenas pelas pessoas de posses.

            As diferenças de classe, de origem social expressavam também as diferenças religiosas e políticas. Os lordes eram anglicanos, enquanto os comuns eram em geral presbiterianos (alta burguesia e a gentry) e puritanos (pequenos e médios burgueses, os yeomen, camponeses, artesãos, etc.). Eles deram ao parlamento uma arma poderosa, o Exército de novo tipo.

            Um traço interessante desse exército de novo tipo residia na liberdade de organização e discussão, o que fez desse grupamento armado uma sementeira de ideias políticas.

           


Nessas discussões, manifestavam-se grupos mais radicais que os puritanos, a exemplo dos Diggers e dos Levellers, que associavam diretamente a reforma religiosa e a luta política à revolução social.

            DIGGERS =  opunham-se a propriedade privada do solo e exigiam que as terras da Coroa, os terrenos comunais e ociosos fossem dados aos pobres.

            LEVELLERS = Defendiam a população do campo e exigiam completa liberdade religiosa e a igualdade de todos perante a lei.

            Eram esses, basicamente, os atores envolvidos no confronto entre o rei e o Parlamento de depois, um segundo momento da Revolução Inglesa, no conflito instaurado entre a Assembleia e os grupos de soldados puritanos unidos em torno de Oliver Cromwell.

 

DO REI AO LORDE PROTETOR

 

          


  Em meio à guerra civil, os presbiterianos assumiram a hegemonia do Parlamento, enquanto o exército mais radicalizado e comandado por Oliver Cromwell, vencia as batalhas e conquistava o país para os Comuns. Em 1646 estava terminada a primeira e mais importante fase do conflito, com a derrota de Carlos I. Entretanto, os presbiterianos, a ala mais moderada do Parlamento, tentaram estabelecer um acordo com a realeza, uma vez que não viam com bons olhos a maré de democracia popular defendida sobretudo pelo Exército de Novo Tipo. Isso acabou provando a radicalização do processo político.

            Em 1647, quando a maioria presbiteriana tentava desmobilizar o exército, o rei foi preso pelos soldados. Meses depois Carlos I fugiu para a ilha de Wight. Embora a ilha estive sob controle parlamentar, a fuga agravou a crise. Os realistas recobraram o ânimo, mobilizaram-se e iniciava, assim, uma nova fase da guerra civil, todavia, foram derrotados por Cromwell e outros chefes militares.

            A hegemonia na Câmara dos Comuns passou para as mãos dos puritanos, que excluíram os parlamentares moderados dispostos a negociar com o rei; em 1649, o rei foi decapitado por traição e se proclamou a República ou Commonwealth. A partir daí um Conselho de Estado governaria respondendo ao Parlamento, agora unicameral. Oliver Cromwell, presidente do Conselho de Estado, dividia-se entre as ações administrativas e militares. Em 1649 – 1650 uma rebelião de católicos e realistas explodiu, assim como em 1651 tropas escocesas que apoiavam o filho do rei decapitado iniciaram um levante, todavia ambas foram sufocadas pelo exército de Novo Tipo, terminando assim a guerra civil.

           


Na esfera político-administrativa o governo extinguiu as taxações e expediu o primeiro Ato de Navegação, beneficiando os setores mercantis e da construção naval.

            Mas os problemas se acumularam. A destruição causada pela guerra civil foi seguida por desastrosas colheitas, alto custo de vida, baixos salários e pesadas taxações. Embora Cromwell distribuísse terras na Irlanda aos veteranos como pagamento de soldos atrasados, a Inglaterra vivia uma situação política e econômica explosiva.

            A oposição não vinha apenas dos presbiterianos moderados e dos realistas. Os levellers e os Diggers sentiram-se enganados pelo governo republicano eu, segundo eles, não haviam implementado medidas de conteúdo democrático que tirassem a maioria da população da situação em que se encontravam.

            Todas essas manifestações de oposição foram aniquiladas pelo governo de Cromwell.

            Em 1653, diante da oposição dos conservadores e dos grupos radicais, Cromwell dissolveu o Parlamento, assumindo, no mesmo ano, o título de Lorde Protetor da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Entretanto, sua morte, em 1658, representou o golpe de misericórdia para a República, seu filho, Richard Cromwell, que não tinha a mesma influência do pai, foi deposto no ano seguinte.

            A história da República Puritana terminou com a tomada do poder pelos nobres realistas aliados à dissidência presbiteriana, e com a proclamação de Carlos II, filho do rei decapitado, como soberano da Inglaterra e da Escócia. Iniciou-se o período conhecido como Restauração Monárquica.

 

REVOLUÇÃO GLORIOSA

 


            Carlos II foi coroado graças à aristocracia e à alta burguesia. Em seu governo, o comércio e a indústria cresceram com rapidez e a ciência foi estimulada a partir do livre pensamento, da experimentação e de uma reforma educacional. Todavia, os atritos com o Parlamento continuaram a existir.

            A Restauração seguiu seu curso com a ascensão de Jaime II, irmão de Carlos II, que morreu sem herdeiros diretos. O novo rei, que era católico, logo se tornou impopular. Quando tentou isentar os católicos do pagamento de algumas taxas impostas a eles por motivos religiosos e indicou alguns líderes para cargos importantes do governo, foi afastado por um Golpe de Estado conhecido como Revolução Gloriosa (1688).

 

Mas como ocorreu essa Revolução?

 

Com o nascimento de Jaime Eduardo, filho e herdeiro de Jaime II, o Parlamento resolveu agir contra o rei, pois o novo filho se tornaria herdeiro do rei absolutista, perpetuando não apenas a dinastia de Jaime II, mas também a força da religião católica na Inglaterra. Os parlamentares se uniram à Maria Stuart, filha do rei, e seu marido, Guilherme de Orange, para se mobilizarem contra Jaime II. Essa aproximação se deu por conta da religião, ambos eram calvinistas.

Guilherme de Orange, em 1688, conseguiu convocar suas tropas, que prontamente cercaram Jaime II. Sem apoio político e muito menos militar, o rei inglês fugiu para a França, permanecendo lá até a sua morte. Destronado o rei absolutista, Guilherme de Orange e Maria Stuart foram coroados rei e rainha da Inglaterra. Porém, antes da coroação, os dois prestaram juramento ao Parlamento de que nunca se tornariam reis absolutistas, assinando assim o Toleration Act e o Bill of Right.

 

Qual a importância da Revolução Gloriosa?

 

A primeira grande importância da Revolução Gloriosa para a história da Inglaterra é que ela marca definitivamente a queda do absolutismo nesse país. Com isso, a Inglaterra confirmou-se como uma monarquia constitucional baseada nos princípios liberais, que foram fundamentais para o acontecimento de outras revoluções no século seguinte.

A monarquia constitucional parlamentarista da Inglaterra ficou ratificada por meio do Bill of Rights (Declaração dos Direitos), documento que Guilherme de Orange e Maria Stuart tiveram que assinar antes de serem coroados rei e rainha da Inglaterra. Esse documento decretava, por exemplo, que:

-  os impostos só poderiam ser aumentados mediante aprovação do Parlamento;

-  os reis estavam proibidos de expropriar propriedades privadas e não poderiam coibir a liberdade de expressão.

As determinações da Bill of Rights seguiam os interesses da burguesia inglesa, interessada na implantação dos valores liberais como forma de combater as doutrinas e os privilégios oriundos do absolutismo que impediam seu desenvolvimento econômico. A implantação de uma monarquia constitucional baseada nos princípios liberais foi fundamental para a Inglaterra, pois a nova política econômica que foi instalada permitiu que o país fosse pioneiro da Revolução Industrial no século seguinte.

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