Introdução
A expansão do comércio europeu, a partir do século XV, impeliu várias nações europeias a
empreenderem políticas que visassem ampliar o fluxo comercial como forma de fortificar o estado econômico das nascentes monarquias nacionais. Nesse contexto, a Espanha alcança um estrondoso passo ao anunciar a existência de um novo continente à Oeste. Nesse momento, o Novo Mundo desperta a curiosidade e a ambição que concretizaria a colonização dessas novas terras.
Ao chegarem por aqui, os espanhóis se depararam com a existência de grandes civilizações capazes de elaborar complexas instituições políticas e sociais. Muitos dos centros urbanos criados pelos chamados povos pré-colombianos superavam a pretensa sofisticação das “modernas”, “desenvolvidas” e “civilizadas” cidades da Europa. Apesar da descoberta, temos que salientar que a satisfação dos interesses econômicos mercantis era infinitamente maior que o valor daquela experiência cultural.
A CONQUISTA DA AMÉRICA HISPÂNICA
Desde o final do século XV, os europeus e ameríndios disputavam a posse do território
americano.
Os nativos usufruíam de um número muito maior que o conquistador, por exemplo, estima-se que em seu auge o império Asteca chegou a contar com cerca de 11 milhões de habitantes, o império Inca variou, segundo historiadores, entre 10 e 14 milhões, já os Maias (que não eram um povo unificado politicamente) contou com até 16 milhões de habitantes. Todavia mesmo assim, cedo ou tarde, acabaram sendo subjugados pelos conquistadores.
Mas qual o motivo para isso?
Os espanhóis tinham a vantagem nos equipamentos, como o uso de cavalos, canhões e armas
de fogo, tudo isso era desconhecido na América e teve forte impacto psicológico nas populações ameríndias. Ao longo do tempo os conquistadores se aliaram a povos inimigos das grandes civilizações ameríndias e mesoamericanas. Por fim as doenças trazidas pelos conquistadores, como varíola, sarampo, gripe, febre amarela e tifo, que dizimaram as populações nativas por não terem imunidade a elas. O contágio ocorreu através do contato direto, da água e alimentos contaminados, e por vezes de forma proposital, causando um colapso demográfico.
ATENÇÃO!
É óbvio que se você pensar bem, mesmo com todo o aparato tecnológico espanhol, estes poderiam ter sido emboscados, atacados mesmo antes de desembarcarem, o que poderia ter mudado todo o percurso da dominação, antes mesmo dela começar. Estando aí outro fator que facilitou a dominação, um aspecto da própria cultura ameríndia. A exemplo, os Astecas associaram os espanhóis a deuses que, segundo suas profecias, retornariam para dominar o império, fato esse que explicaria a recepção que foi dada aos europeus.
Depois da conquista, os colonizadores tomaram as devidas providências para assegurar os novos territórios e, no menor espaço de tempo, viabilizar a exploração econômica de suas terras. Sumariamente, a extração de metais preciosos e o desenvolvimento de atividades agroexportadoras nortearam a nova feição da América colonizada. Para o cumprimento de tamanha tarefa, além de contar com uma complexa rede administrativa, os espanhóis aproveitaram da mão de obra dos indígenas subjugados.
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CONQUISTA
A Espanha não estava muito disposta a gastar muito com o processo de colonização, nisso alguns indivíduos (muiiiito ricos) foram incentivados a assinar contrato com a Monarquia para explorar as novas terras com seus próprios recursos.
Esses homens ricos foram os primeiros a iniciar o processo de colonização, como
foram os primeiros, os adiantados, receberam o título de adelantados
(adiantados em espanhol), esses homens dispunham de grande autonomia, podendo
fazer quase qualquer coisa em suas terras, como explorar economicamente,
construir fortalezas, etc. Onde em troca, deveriam promover a cristianização
dos nativos e entregar ao Estado um quinto da produção das terras que
explorassem.
OBS: Se os adelantados dispunham de uma boa autonomia na colônia, de uma forma geral a
Coroa Espanhola buscava controlar com rigor o monopólio de exploração mercantil. Assim, em 1503 foi criado A Casa de Contratação, que era responsável pela gerência dos negócios coloniais, a garantia do monopólio do comércio, a fiscalização do quinto (imposto sobre a mineração e todas as transações comerciais colônias, onde o indivíduo teria que pagar a quinta parte de tudo que produzia ou explorava), nomeava funcionários, etc.
OBS: No mesmo período que se criou a Casa de Contratação, a Espanha também estabeleceu um sistema comercial denominado de regime de porto único, que estabelecia, inicialmente, a exclusividade do porto de Sevilha em Espanha no comércio com as colônias. Tal ação buscava facilitar a tributação e controle, uma vez que a colônia espanhola na América era enorme.
ESTRUTURAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
No decorrer do processo de dominação, a Espanha buscou aprimorar o controle sobre sua colônia.
- Nos centros mais importantes da colônia foram criados outros órgãos, um bom exemplo eram as Audiências, que serviam como unidade administrativa, ou seja, iam administrar essas regiões que eram mais importantes para coroa espanhola.
- Gradualmente, os territórios foram divididos em Vice-reinos, que representavam as regiões de grande valor econômico, como por exemplo, o vice-reino de Nova Espanha (México).
- Existiam também os cabildos, que serviam como espécie de câmara dos vereadores, que tinha como função cuidar das cidades. Sendo que os membros eram escolhidos entre os criollos (explicaremos mais adiante).
AS ATIVIDADE ECONÔMICAS E FORMAS DE TRABALHO
A base da
economia nas colônias era a mineração de metais preciosos, sobretudo de prata.
Inicialmente os espanhóis recorreram ao trabalho de indígenas escravizados,
notadamente o das mulheres, para extrair o ouro de aluvião de rios nas
Antilhas e na América central. Os conquistadores também conseguiram se apoderar
do ouro e das demais riquezas dos impérios que foram subjugados (Asteca e
Inca). Todavia, no século XVI se descobriu prata em Potosi (Bolívia), representando
uma grande mudança no cenário de exploração de metais preciosos.
Obs: A extração da prata foi a atividade predominante na economia colonial da América hispânica, resultando em intensa ocupação da região mineradora.
A forma que se dava essa exploração era por meio da mita, esse tipo de exploração se baseava no trabalho forçado dos nativos (por isso que não mataram todos, pois precisavam de escravos). A exploração dos nativos se dava basicamente através da encomienda e repartimiento.
1. Encomienda = Comunidades inteiras eram deslocadas para trabalho na agricultura e mineração.
Obs: O encomendeiro tinha a obrigação de catequisar os nativos e pagar tributos à Coroa Espanhola. Todavia foram muito criticados pela igreja devido à forma violenta que tratavam os nativos.
2. Repartimiento = Possuía caráter obrigatório e temporário, onde nas aldeias, geralmente, os nativos eram sorteados, podendo ser levados para qualquer região da colônia.
Obs: Na maioria das vezes o trabalho era insalubre, recebendo um salário baixíssimo. Todavia, com o passar do tempo e a diminuição do número de nativos, foi substituído por trabalho assalariado livre.
ATENÇÃO!
Mesmo os olhares espanhóis se voltando principalmente para mineração, existia outras formas de produção, como a hacienda, que se destinava à exploração de produtos tropicais e subtropicais de exportação.
OBS: A hacienda espanhola tinha muitas similaridades com o plantation português, todavia não usava muito mão-de-obra escrava e nem se voltava totalmente para o mercado externo.
DIVISÃO SOCIAL
Com a estruturação da dominação espanhola a sociedade mesoamericana e andina se estratificou, ocorrendo uma profunda desigualdade, sobretudo no acesso à riqueza e poder político.
1 – Chapetones (Nascidos na Espanha que moravam na colônia)
Eram a elite, possuindo os mais altos cargos da administração colonial
2 – Criollos (Filhos de espanhóis que nasceram na colônia)
Eram, em geral, grandes proprietários de terras, minas e gado
3 – Mestiços (Filhos de espanhóis com nativos ou africanos)
Eram livres, mas não possuíam direitos políticos.
4 – Indígenas e africanos escravizados
A colonização deu origem a novos tipos de relações sociais, econômicas e políticas na América espanhola. A miscigenação e as uniões inter-raciais ocorreram em todos os níveis da população. No entanto esse processo de miscigenação foi acompanhado com um considerável preconceito social, onde os mestiços acabaram excluídos da sociedade, marginalizados.
Obs: A situação era ainda pior para os negros, resultando em numerosos conflitos, rebeliões que fracassaram e foram severamente punidas, com exceção da revolta que ocorreu no Haiti em 1791.
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