SOCIEDADES CLÁSSICAS
ROMA ANTIGA
- Tal como a história dos gregos, também a dos romanos começou pelo desenvolvimento de instituições políticas assentadas na cidade e elaboradas em benefício de uma comunidade de homens livres- os cidadãos – proprietários de terras e que reivindicavam a descendência direta dos fundadores de sua pátria.
- Mas se de um lado na Grécia, por diversas razões, houve espaço para o desenvolvimento independente de muitas cidades-estados, Roma conseguiu abafar, a seu favor, a autonomia de todas as cidades rivais.
- Roma nasceu de um pequeno povoado na penísula Itálica, recebendo influência de diversos povos que ocupavam a região, como os etruscos, sabinos,samnitas, os latinos, além dos gregos da região da Mágna Grécia.
ORIGEM
A LENDA: Segundo o historiador romano Tito Lívio em sua obra História de Roma e pelo poeta Virgílio em Eneida , atribui as origens mais remotas da cidade a Rômulo e Remo, descendentes do guerreiro troiano Enéas. A intrincada versão destaca o rei Amúlio, um cruel e ambicioso governante que havia destronado o irmão mais velho, Numitor, do governo de Alba Longa, cidade na região do Lácio fundada pelo filho de Enéas. Para garantir-se no trono, Amúlio assassinara o filho herdeiro de Numitor, seu sobrinho, e perseguira os recém-nascidos Rômulo e Remo, filhos de sua sobrinha, Réa Silvia com o deus Marte, deus da guerra, jogando-os no rio Tibre
Salvos por uma loba, que os amamentou a mando de Marte, os dois irmãos gêmeos foram resgatados por camponeses e, mais tarde, depuseram Amúlio, fundando nas margens do Tibre a cidade de Roma, em 753 a.C. Diz a lenda que após desentender-se com seu irmão Rômulo matou seu irmão e se tornou o primeiro rei da cidade.
A HISTORIOGRAFIA:
- A historiografia moderna vem se posicionando de diversas maneiras diante do passado lendário de Roma, desde admitir alguns aspectos, até recusá-los totalmente.
- A fundação de Roma, em torno do ano de 750, pode ser admitida.
- Em seu início, Roma não passava de uma minúscula cidade latina, muito diferente das ricas cidades etruscas e latinas.
- Os habitantes da Roma primitiva não passavam, sem dúvida, de agricultores e pastores, mas que vez por outra comerciavam (ou trocavam) com as redondezas. Todavia, a arqueologia permite concluir que esta situação perdurou até aproximadamente meados do século VII, sendo que a partir da segunda metade deste século várias modificações ocorreram (vida religiosa, relação com outras regiões fora do Lácio, etc.)
Mas por que Roma acabou por se destacar com relação às demais aldeias do Lácio?
- Têm-se duas hipóteses: Localização geográfica e o contato cultural e a recepção de influências de todos os lados.
- Por estes motivos, de aproximadamente 550 a 475, os etruscos tornaram-na sua base de ligação com as demais cidades do Lácio e com a rica região da Campânia. Graças a dominação etrusca, Roma passou a exercer a hegemonia na região, o que serviu de ponto de partida para suas futuras conquistas.
-A documentação do período monárquico de Roma encontrada até hoje é muito precária, o que torna este período menos conhecido que os períodos posteriores. Várias dessas anotações registram a sucessão de sete reis, começando com Rômulo em 753 a.C., como representado nas obras de Virgílio (Eneida) e Tito Lívio (História de Roma).
-Do ponto de vista social, destaca-se a camada dos:
Patrícios: grande proprietários de terra, formando uma aristocracia detentora de privilégios.
Plebeus: homens livres que não possuíam direitos políticos, portanto, marginalizados.
Clientes:indivíduos que prestavam serviço aos patrícios e eram seus dependentes ou agregados.
Escravos: Na mais baixa situação social, endividados ou vencidos em guerras, considerados simples instrumentos de trabalho e ainda pouco numerosos no período monárquico.
- Do ponto de vista político, o rei acumulava funções executivas, judiciais e religiosas, mas seu poder era controlado pelo Senado ou conselho de anciãos, por sua vez dominados pelos patrícios.
Instituições sociais:
Gens: Grupo de pessoas que reconheciam ter um antepassado comum.
Família: Célula social básica a partir da gens e em seu detrimento. Era uma subdivisão da gens que abrangia tudo aquilo que se encontrava sob o domínio do pater familias.
REPÚBLICA
senado romano |
- A República acaba se consolidando como uma forma de governo fundamentado no Senado, órgão máximo de poder. Mantinha funções legislativas e agora também controlava toda administração e as finanças, tendo poder, até mesmo, de declarar guerra. O poder ficava a cargo dos cônsules, sempre em número de dois. Os demais magistrados que administravam a República eram:
Cônsules: propunham leis, presidiam o senado e as assembleias e, em caso de guerra, nomeavam um ditador temporário por um período de seis meses.
Pretores: administravam a justiça.
Censores: faziam o censo, isto é, a contagem e classificação da população por critério de renda.
Edis: estavam encarregados da conservação do núcleo urbano da cidade, além do abastecimento e policiamento.
Questores: encarregados do tesouro público.
-As instituições republicanas completavam-se com as assembleias (centurial, curial e tribal), encarregadas da nomeação dos magistrados e da retificação das leis.
- Data também desta época o início dos conflitos entre patrícios e plebeus, onde estes eram marginalizados, não podendo ter participação política, além do mas o nexum (escravidão por dívidas) só agravava a situação.
Em 494 a. C, os plebeus revoltados retiraram-se de Roma para o monte Sagrado, passando a exigir representação política. Os patrícios cederam, cirando o cargo de Tribuno da Plebe. Eleitos pelos plebeus, tinha poder de veto sobre as decisões do senado.
-Outras concessões foram feitas com objetivo de atenuar a tensão, tais como:
Lei das Doze tábuas: criada em 450 a.C., fora a primeira compilação de leis romanas.
Leis Licínias: Elaborada em 367 a.C., estabeleciam que um dos dois cônsules seria sempre plebeu, além de tornar possível o acesso da plebe ás terras conquistadas.
Logo Após, a Lei Canuléia, que passou a permitir os casamentos entre membros de diferentes classes, o que antes era proibido.
legionário romano em guerra contra os gauleses |
Em seguida prosseguiu sua expansão conquistando o sul da penísula. Uma a uma fora conquistando as colônias gregas, terminando de fazê-lo em 272 a.C. Uma vez consolidados seu domínio sobre a Penísula Itálica, logo Roma empreende a conquista das regiões banhadas pelo Mediterrâneo.O que a levou a bater de frente com Cartago, nas guerras púnicas (264 a.C – 146 a.C)
- As conquistas romanas levaram a profundas transformações:
• Um vasto território (ager publicus) passou a ser administrado pelo Senado, a riqueza produzida convergia para cidade transformada em capital de um grande império. O que aos poucos levou ao desgosto as outras cidades.
• O enorme afluxo de bens das províncias conquistadas produziu um grande impacto na economia, podendo –se perceber uma grande diminuição nos preços dos produtos agrícolas.
• Os pequenos proprietários plebeus da penísula itálica, por sua vez, não tinha chance de concorrer contra os latifúndios dos patrícios, o que os levava a vender suas terras, transformando-se em mão-de-obra barata, que sem emprego no campo, migravam para cidade.
• Roma passou a crescer desmedidamente, levando ao aumento da já existente tensão social a níveis insustentáveis.
• Consolidação de uma economia escravista (o trabalho escravo passou a ser o sustentáculo da economia romana).
• Surgia uma classe de comerciantes, chamados homens-novos, ansiosos por alguma participação política.
• A guerra civil não tardou, mas houve uma última tentativa de superação da crise de uma forma pacífica, proposta pelos irmãos Graco, personificada em uma reforma agrária.
“Os homens que combatem e morrem pela Itália têm o ar e a luz, mais nada (...). Lutam para sustentar a riqueza e o luxo de outros, mas, embora sejam chamados de senhores do mundo, não têm um único torrão de terra que seja seu”
- Os patrícios rejeitaram as propostas e promoveram o assassinato de Tibério e, dez anos depois, forçaram Caio ao suicídio, o que levou a uma radicalização da luta social e posteriormente uma guerra civil.
- Em meio a crise surgiram as ditaduras militares. Aliando-se hora a aristocracia patrícia, hora ao partido popular, os ditadores eram generais do exercito, e seu governo refletiu a grande importância assumida pelas forças armadas durante a crise civil.
- O primeiro ditador fora Mário (tomou medidas de proteção a plebe ao popularizar o exército). O segundo Síla (líder aristocrático, buscou afastar todos os seguidores de Mário).
- Na medida em que a expansão territorial prosseguia, há o destacamento de jovens generais, tanto militar como politicamente. Em 60 a.C., o Senado elegeu uma verdadeira junta militar. O primeiro triunvirato, formado pelos generais Júlio César, Pompeu e Crasso. Com a morte de Crasso rompeu o equilíbrio entre Pompeu e Júlio César, levando ao choque armado na disputa pelo poder, que resultou na vitória de César.
- Proclamando-se ditador vitalício, centralizando todo poder político em suas mãos e, portanto, enfraquecendo o Senado, Júlio César acabou sendo vítima de um grupo que se intitulava defensores da República, fora assassinado nas escadarias do próprio edifício do Senado. Sua morte causou profunda comoção popular e o retorno das lutas civis, que só foram acalmadas com o surgimento de um segundo triunvirato. Seus membros eram Marco Antonio, Otávio e Lépido, também oficiais do exercito, logo entraram em conflito entre si.
- Em 31 a.C. Otávio conseguiu derrotar seus rivais, recebendo do Senado os títulos de princeps (primeiro cidadão) e imperador (o supremo), arrogando para si o título de augustus (divino). Inaugurando o Império Romano.
OBS: É BOM SE TER CONSCIÊNCIA QUE AS LEGIÕES ROMANAS, NO GERAL, ERAM MAIS FIEIS AOS SEUS GENERAIS, E NÃO A ROMA
O IMPÉRIO
- A transição da República para o Império foi realizada não sem grande conflitos e lutas. Nisso, o estabelecimento do Império, acabou sendo a solução política encontrada para assegurar a estabilidade do poder e anular os conflitos existentes entre várias facções.
- Na passagem da República para o Império também percebemos fortes tensões dentro do próprio exército
O ALTO IMPÉRIO (séculos I a.C. – III d.C.)
- Com a concentração do poder nas mãos do imperador e a diminuição do poder do Senado, ocorreu uma profunda reforma política em Roma (o imperador começa a ser divinizado).
- Quando Otávio (Augusto) assumiu o poder em Roma no ano de 27 a.C., muitas eram as reformas a serem empreendidas. Estas inicialmente permitiram a unidade política do imenso território conquistado.
Dentre as mudanças efetuadas por Augusto:
• Abolição da conscrição (serviço militar obrigatório com o
recrutamento de soldados entre os camponeses),
e a profissionalização do exército.
• Modificações no sistema fiscal (rigidamente fiscalizado).
• Aproximação política com as províncias
- Implantação de uma vasta burocracia, nomeada a partir de critérios censitários, ou seja, de acordo com os rendimentos. Tal burocracia era a nova classe privilegiada de Roma, formada tanto pela antiga aristocracia patrícia, quanto pelos comerciantes enriquecidos com a expansão territorial (os homens-novos).
- Augusto dá início da Pax Romana.
- Atenuação da tensão social entre as camadas sociais mais pobres/ panis circenses ou pão e circo (o povo ia para o coliseu ver lutas de gladiadores, comer e beber praticamente o dia inteiro, assim não reivindicavam melhorias em suas vidas, estavam assim controlados)
luta de gladiadores |
OBS: Karl Marx afirmou mais de uma vez que , na antiguidade romana, era o Estado que sustentava o proletariado e não este aquele, como ocorre na modernidade.
Para viabilizar essa política, garantindo os privilégios da elite e o sustento da plebe, Augusto manteve a expansão territorial como objetivo permanente também do império/ Fortificação do sistema escravista.
- Após a morte de Augusto, assumiu o governo o imperador Tibério, seguindo-se uma sucessão de governantes tradicionalmente lembrados negativamente. Esse imperador manteve a linha governamental de Otávio, mas permitiu o crescimento da corrupção e da imoralidade. Foi durante seu governo que Jesus foi crucificado.
- Seu sucessor, Calígula, teve uma atuação política caracterizada principalmente pelo despotismo. Além das orgias que promovia, chegou a nomear seu cavalo, Incitatus, cônsul romano, além de ter se colocado como deus (fato esse que veio ser repetido também por Nero).
O sucessor de Calígula fora Cláudio, que me meio às disputas palacianas, acabou sendo envenenado por sua própria esposa.
- Após temos Nero, onde se têm início a perseguição aos cristãos/ matando também sua mãe, irmãos e esposas.
- Somente meio século depois, com a dinastia dos Flávios (68 d.C. – 96 d.C.) e, principalmente, com a dos Antoninos (96 d.C. – 192 d.C), foram superadas as disputas sucessórias violentas e retornou-se a expansão territorial. Durante o século II d.C. tem-se o desenvolvimento da pax romana e do mare nostrum.
O BAIXO IMPÉRIO
- A partir do século III da era cristã, a civilização romana entre em crise, isso se dá devido vários aspectos e traz inúmeras consequências.
Causas:
• A expansão territorial, base de toda a riqueza e estabilidade política e social do império, foi-se esgotando.
• Alteração no escravismo.
• Ineficiência da agricultura.
• Choque fronteiriços com os povos bárbaros.
• Desvalorização monetária.
• Sucessão violenta de imperadores.
• O sistema de impostos se desintegrou.
• O campo foi abalado por revoltas camponesas.
• Invasões bárbaras nos fins do século IV e início do V d.C.
Consequências :
- A maior fora uma tendência à ruralização e à autossuficiência dos domínios como forma de sobrevivência. Sendo que a partir das reformas de Diocleciano e de imperadores posteriores, essa tendência adquiri maior vigor.
Buscou-se de diversas formas manter a integridade do Império, se utilizando assim de alguns recursos, como fora o caso da tetrarquia, efetivada por Diocleciano, onde do ponto de vista administrativo, se dividiu o império entre quatro generais.
O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de 313 d.C., com o Édito de Milão, assinado durante o império de Constantino I (do Ocidente) e Licínio (do Oriente), no mesmo dia em que ocorreu o casamento de Licínio com Constantia, irmã do imperador da porção oriental do Império. Com este édito, o Cristianismo deixou de ser proibido e passou a ser uma das religiões oficiais do Império.
O Cristianismo tornou-se a única religião oficial do Império sob Teodósio I (379-395 d.C.). Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja. A decisão não foi aceita uniformemente por todo o Império; o paganismo ainda tinha um número muito significativo de adeptos. Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse ratificada foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela. O massacre de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa clara esta posição do imperador. Um dos conflitos entre a nova religião do Império e a tradição pagã consistiu na condenação da homossexualidade, uma prática comum na Grécia antes e durante o domínio romano.
A DIVISÃO
Teodósio foi o último imperador a reinar sobre todo o império. Após sua morte em 395, seus dois filhos Arcádio e Honório herdaram as duas metades: Arcádio tornou-se governando no Oriente, com a capital em Constantinopla, e Honório tornou governante no Ocidente, com a capital em Mediolanum (atual Milão), e mais tarde em Ravenna. O estado romano continuaria com dois diferentes imperadores no poder até o século V, embora os imperadores orientais se consideravam governantes do todo. O latim era usado nos documentos oficiais tanto, se não mais, que o grego. As duas metades eram nominalmente, cultural e historicamente, se não politicamente, o mesmo estado.
O FIM DO IMPÉRIO OCIDENTAL
O Império Romano do Ocidente sofreu invasão dos povos bárbaros (qualquer povo cuja língua não fosse o latim) e, já enfraquecido internamente, caiu em 476 com a deposição do imperador Rômulo Augústulo. Outros reis estabeleceram-se em Roma, embora não mais usassem o título de "Imperador Romano". O Império Oriental, com capital em Constantinopla, continuou a existir por quase mil anos, até 1453.
Religião
deuses romanos (uma imitação dos gregos) |
A expansão territorial e o advento do Império levou à incorporação de cultos orientais, além daqueles de origem helenística. Os romanos cultuavam, por exemplo, o deus persa Mitra (mitologia), o que incluía a crença em um redentor que praticava o batismo e a comunhão pelo pão e pelo vinho.
O cristianismo no Império Romano
Apegados ao monoteísmo, os cristãos não juravam aos deuses protetores da justiça e das legiões, provocando reações violentas. As perseguições se iniciaram sob o pretexto de que os cristão eram responsáveis por todos os problemas que se abatiam sobre o império. Muitos foram perseguidos, outros morreram nas arenas, devorados por feras. Ao mesmo tempo, cada vez mais pessoas se convertiam ao cristianismo, especialmente pobres e escravos, que se voltavam para a Igreja por acreditarem na promessa de vida eterna no Paraíso.
O poder do cristianismo não podia mais ser ignorado. A partir do momento em que cidadãos ricos do Império Romano se converteram à nova religião, a doutrina, que pregava a igualdade e a liberdade, deixava de representar um perigo social. Aos poucos, a Igreja Católica se institucionalizava e o clero se organizava, com o surgimento dos bispos e presbíteros. O território sob o domínio romano foi dividido em províncias eclesiásticas. Os Patriarcas, bispos dos grandes centros urbanos - como Roma, Constantinopla e Alexandria -, ampliaram seu poder, controlando as províncias. O bispado de Roma procurou se sobrepor aos demais, alegando que o bispo de Roma era o herdeiro do apóstolo Pedro, que teria recebido de Jesus a incumbência de propagar a fé cristã entre os povos.
Em 313, Constantino fez publicar o Édito de Milão, que instituía a tolerância religiosa no império, beneficiando principalmente os cristãos. Com isso, recebeu apoio em sua luta para se tornar o único imperador e extinguir a tetrarquia. Em 361, assumiu o trono Juliano, o Apóstata, que tentou reerguer o paganismo, dando-lhe consistência ético-filosófica e reabrindo os templos. Três anos depois o imperador morreu e, com ele, as tentativas de retomar a antiga religião romana. Em 391, Teodósio I (379-395) oficializou o cristianismo nos territórios romanos e perseguiu os dissidentes.
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