No século XVIII na Europa, em “resposta” ao Absolutismo, surgiu um movimento cultural, intelectual, político, econômico, social e filosófico, chamado de Iluminismo. Este movimento defendia a educação (queriam escolas para o povo) e a liberdade religiosa, por exemplo. Acreditavam que o uso da razão era o melhor (e único) caminho para se alcançar a liberdade, a autonomia e a emancipação, que não existiam na época do absolutismo, já que ele possuía algumas características das estruturas feudais.
FALANDO DE OUTRA FORMA:
Buscavam, através da aplicação de conhecimentos filosóficos, sociais e políticos, a defesa do conhecimento racional e a desconstrução de preconceitos e ideologias religiosas.
Por sua vez, essas seriam superadas pelas ideias de progresso e perfectibilidade humana.
Em suas obras, os pensadores iluministas argumentavam contra as determinações mercantilistas e religiosas.
Também foram avessos ao absolutismo e aos privilégios dados à nobreza e ao clero. Estas ideias eram consideradas polêmicas, pois afetavam a estrutura política e social do Antigo Regime.
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
- As ideias do iluminismo eram inicialmente disseminadas por filósofos e economistas, que se diziam propagadores da luz e do conhecimento, por isso foram chamados de iluministas.
- Eles valorizavam a razão acima de tudo, julgavam o mais importante instrumento para conseguirem alcançar o conhecimento.
- Estimulavam o questionamento, a investigação e a experiência como forma de conhecimento da natureza, sociedade, política, economia e o ser humano.
- Eram totalmente contra o absolutismo e suas características ultrapassadas. Criticavam, além dele, o mercantilismo, os privilégios da nobreza e do clero, e a Igreja Católica e seus métodos (a crença em Deus não era criticada).
- Defendia a liberdade na política, na economia e na escolha religiosa. Também queriam a igualdade de todos perante a lei.
- Partindo da ideia da educação para todos, idealizaram e concretizaram a ideia da Enciclopédia (que foi impressa entre 1751 e 1780), uma obra com 35 volumes, contendo – em resumo – todo o conhecimento que existia até então.
- As ideias iluministas eram liberais e logo conquistaram a população, intimidando alguns reis absolutistas que, com medo de perderem o governo, passaram a aceitar algumas ideias do movimento. Esses eram chamados Déspotas Esclarecidos (tentavam conciliar o iluminismo com o absolutismo).
EXPLICANDO DE OUTRA FORMA:
Podemos compreender as características do movimento a partir da ótica política, econômica e da religião:
- POLÍTICA E SOCIEDADE
Contrários ao Absolutismo, os iluministas afirmavam que o poder do rei deveria ser limitado por mecanismos sólidos, como um conselho de representantes do povo ou uma Constituição.
O escritor Montesquieu, por exemplo, defendia um modelo de Estado onde o governo estaria dividido em três poderes:
- Legislativo
- Executivo
- Judiciário
Assim, haveria equilíbrio e menos poder concentrado numa só pessoa. Esta ideia de governo foi adotada por quase todos os países do mundo ocidental.
Além disso, para os iluministas, os súditos deveriam ter mais direitos e serem tratados de forma igualitária. Com isso, defendiam que os impostos fossem pagos por todos, sem privilégios ou exceções. Também, para eles, as minorias, como os judeus, tinham que ser reconhecidas como cidadãos plenos.
Nesse caso, é preciso lembrar que até então, as minorias religiosas, como judeus e muçulmanos, foram obrigadas a se converter ou a deixar os países onde estavam para escapar das perseguições.
No entanto, nessa época, a noção de cidadania ainda excluía as mulheres. Embora algumas intelectuais defendessem a cidadania ao público feminino, como Mary Wollstonecraft, Olympe de Gouges e Émilie du Châtelet, essa visão não foi completamente incorporada pelos iluministas.
- ECONOMIA
Em oposição ao Mercantilismo, praticado durante o Antigo Regime, os iluministas afirmavam que o Estado deveria praticar o liberalismo. Ao invés de intervir na economia, o Estado deveria deixar que o mercado a regulasse livremente. Essas ideias foram expostas, principalmente, por Adam Smith.
Alguns, como Quesnay, defendiam que a agricultura era a fonte de riqueza da nação, em detrimento do comércio, como defendido pelos mercantilistas.
Quanto à propriedade privada, não havia consenso entre os iluministas. John Locke enfatizava que a propriedade era um direito natural do homem, enquanto Rousseau apontava que esta era uma fonte de desigualdade e corrupção social.
- RELIGIÃO
A religião foi muito criticada por vários pensadores iluministas.
A maioria, defendia a limitação dos privilégios do Clero e da Igreja, bem como o uso da ciência para questionar os dogmas religiosos.
Havia aqueles que compreendiam o poder da religião na formação do ser humano, mas preferiam que houvesse duas esferas distintas: a religião e o Estado.
De igual maneira, alguns iluministas defendiam o fim da igreja como instituição e que a fé deveria ser uma expressão individual.
Principais pensadores iluministas
- John Locke (1632 – 1677): John é considerado o “pai do iluminismo”. Sua obra mais conhecida é “Ensaio sobre o entendimento humano”, de 1689. Mas “Dois tratados sobre o governo”, do mesmo ano, também é considerada uma das melhores. Ele negava a ideia de que Deus tinha o poder sobre o destino dos homens e afirmava que a sociedade que moldava o ser humano para o bem ou para o mal.
- Montesquieu (1689 – 1755): Ele fez parte da primeira geração de iluministas. Defendia a ideia da “divisão” do governo em três poderes independentes (Legislativo, Executivo e Judiciário) em sua obra mais conhecida e importante “O espírito das leis”, de 1748.
- Voltaire (1694 – 1778): Crítico polêmico da religião e da Monarquia. Defendia a liberdade intelectual. Sua obra mais importante foi “Ensaio sobre os costumes”, de 1756.
- Rousseau (1712 – 1778): Defensor da pequena burguesia, queria a participação do povo na política por meio de eleições. Sua obra mais importante foi “Do Contrato Social”.
- Adam Smith (1723 – 1790): Principal representante do conjunto de ideias chamado liberalismo econômico. Sua principal obra foi “A riqueza das nações”.
COMPARAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO ILUMINISTA E O ANTIGO REGIME
ANTIGO REGIME
Político: Absolutismo, ou seja, o poder do rei era absoluto, tal prerrogativa baseava-se na teoria do direito divino dos reis, tal teoria afirmava que o rei era rei devido a vontade divina, assim o poder do monarca vinha de cima para baixo.
Econômico: Mercantilismo, basicamente se baseava na compra e venda de produtos.
Social: Profunda estratificação social, não havendo mobilidade social, tal característica também se baseava em um determinismo, ou seja, você nasceu pobre porque Deus quis.
ILUMINISMO
Político: Contratualismo, o poder do rei não vem de Deus e sim do povo, que para fugir do estado de natureza (quer saber mais sobre isso? Click aqui), sacrifica sua liberdade dando poder ao rei.
Econômico: Escola Fisiocrática, a única fonte verdadeira de riqueza é a produção, é a terra.
Social: Liberalismo, todos tem o mesmo direito (todavia isso se baseava na capacidade de cada um conseguir se fazer ouvir, ou seja, ter dinheiro)
DÉSPOTAS ESCLARECIDOS
O despotismo esclarecido foi uma forma de governo adotada pelos Reis, no século XVIII, como uma alternativa para a Monarquia Absolutista que estava em crise, devido às ideias Iluministas.
Igualmente, vários estudantes que iam à Universidade de Coimbra, em Portugal, também tiveram contato com as ideias iluministas e passaram a difundi-las.
Essas ideias passavam a questionar o próprio sistema colonial e fomentar o desejo de mudanças. Assim, o movimento das Luzes influenciou a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817).
CONSEQUÊNCIA DO ILUMINISMO
Os ideais iluministas tiveram sérias implicações sociopolíticas. Como exemplo, o fim do colonialismo e do absolutismo e implantação do liberalismo econômico, bem como a liberdade religiosa, o que culminou em movimentos como a Revolução Francesa (1789).
OBS: Atualmente, ainda vivemos sob influência do Iluminismo em temas como a limitação do poder do estado sobre o indivíduo, os ideais e lutas pelos direitos individuais, tal como a vida, a liberdade, a dignidade e outros. Para mais, o pensamento iluminista é vivido no campo econômico, visto que os mesmos defendiam a ideia de uma economia de livre mercado e liberal.



























