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Muitas vezes achamos que tudo que sabemos, tudo que somos foi uma escolha nossa, sera?
Será que não apenas reproduzimos o que nossa sociedade é?
Será que realmente somos autônomos?


A história não é uma disciplina decorativa como muitos pensam, pelo contrário ela busca fazer com que as pessoas pensem, critiquem, reajam aos acontecimentos em sua volta, não como bonecos, marionetes, mas como seres consciêntes e capazes e mudar seu "destino".

PENSE, SINTA, VIVA HISTÓRIA

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Revolução Inglesa



A Revolução Inglesa do século XVII vem representar a primeira manifestação de crise do sistema
que vigorava na idade moderna, o absolutismo. O poder monárquico, foi severamente limitado, cedendo a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. Todo o processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. Aí vem surgir uma questão interessante, muitos estudiosos consideram a Revolução Inglesa um conjunto de processos revolucionários (REVOLUÇÃO PURITANA, RESTAURAÇÃO MONÁRQUICA E REVOLUÇÃO GLORIOSA) daí o  termo Revoluções Inglesas, já outros consideram todas uma Revolução Inglesa, pois faziam parte de um mesmo processo

MAIS POR QUE ESTUDAR A REVOLUÇÃO INGLESA?

Simples! Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando terreno para o avanço do capitalismo. Deve ser considerado a primeira revolução burguesa da história da Europa: antecipou em 150 anos a Revolução Francesa.

CURIOSIDADE

Você sabia que embora o iluminismo tenha se espalhado a partir da França, suas raízes vão estar profundamente enterradas na Inglaterra, primeiro país em que teremos uma participação expressiva do pensamento liberal na política.

AS CONDIÇÕES PARA A REVOLUÇÃO 

A Inglaterra atingiu no século XVII notável desenvolvimento, favorecido pela monarquia absolutista. Henrique VIII e Elizabeth I unificaram o país, dominaram a nobreza, afastaram a ingerência papal, criaram a igreja a nacional inglesa (ANGLICANA), confiscaram terras da Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os espanhóis. Tudo isso acabou fazendo com que a dinastia dos TUDOR caísse nas graças da burguesia, mas agora o poder absolutista tornava-se incômodo, pois barrava o avanço da burguesia mercantil. Grande parte dos recursos do Estado vinham da venda de monopólios, como aqueles sobre comércio exterior, sal, sabão, alúmen, arenque e cerveja a, que beneficiavam um pequeno grupo, a burguesia financeira. E prejudicavam a burguesia comercial, sem liberdade para suas atividades, e os artesãos, que pagavam caro para trabalhar.
Ao mesmo tempo, a garantia de privilégios às corporações de ofício (espécie de sindicato, onde se reuniam trabalhadores de determinada área como pescadores, pedreiros, etc.) impedia o aumento da produção industrial, pois eles limitavam a entrada de novos produtores nas áreas urbanas.
Teremos também um outro problema, de origem econômica, problema este que estava no campo, onde existia a alta de preços e a expansão do consumo de alimentos e matérias-primas, como a lã, valorizaram as terras, condições que acabou por despertar a cobiça dos produtores rurais. Eles tentavam aumentar suas posses através dos cercamentos, isto é, tentavam transformar em propriedade privada as terras coletivas (herança dos mansos comunais, uma espécie de terra comunitária de onde os pobres tiravam seu sustento), tais ações expulsavam posseiros e criavam grandes propriedades, nas quais se investia capital para aumentar a produção. O Estado, para preservar o equilíbrio social necessário à sua existência, barrava os cercamentos e punha contra si dois setores poderosos: a burguesia mercantil e a nobreza progressista rural, a gentry.
Na esfera política, havia o claro conflito entre Rei e o Parlamento. O primeiro, instituído pela Carta Magna de 1215, cabia o poder de direito, isto é, legítimo. Mas os Tudor exerceram o poder de fato, convocando pouco o Parlamento. Entretanto as classes aí representadas não se opuseram ao absolutismo porque correspondia a seus interesses, uma vez que os atos dos reis dessa dinastia lhes davam muito lucro. O rei promovia assim, grande desenvolvimento. No século XVII, o Parlamento pretendia transformar seu poder de direito em poder de fato. O rei correu a legitimar seu poder, que era de fato. Só havia uma forma: considerar o poder real de origem divina, como na França.
A luta política então se desenvolveu então no campo religioso e os reis manipularam a religião para aumentar seu poder, daí a criação por parte do Rei de uma religião nacional e sob seu controle. 

MAIS COMO A QUESTÃO RELIGIOSA VEIO SER PERCEBIDA NO PERÍODO PRÉ-REVOLUÇÃO?

No século XVI, os Tudor haviam dado ênfase ao conteúdo do anglicanismo, isto é, seu lado calvinista, favorecendo a burguesia. Mais com a morte de Elizabete e o fim dos Tudor e a subida do poder dos Stuart, isso se alterou, pois, estes últimos ressaltavam a forma católica do anglicanismo, identificando-se com a aristocracia, contra a burguesia. Claro, através do catolicismo era mais fácil justificar a origem divina do poder real. O Parlamento, dominado pela burguesia mercantil e a gentry, radicalizou suas posições e identificou-se com o puritanismo (forma mais radical do calvinismo), que rejeitava o anglicanismo.
A Revolução Puritana, a primeira fase da revolução Inglesa, foi o resultado da luta entre burguesia e realeza pelo controle político do país.

CONHECENDO O PARLAMENTO

O parlamento terá suas raízes na Carta Magna, assinada em 1215 pelo Rei João, Sem Terra. Ele era bicameral, quer dizer, se dividia em duas Câmaras: A Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. Os primeiros se dividiam em Lordes Espirituais (formado pela alta cúpula do clero anglicano) e os Lordes Temporais (os nobres mais poderosos), já a Câmara dos Comuns era formada
pela alta burguesia e pela pequena nobreza rural (gentlemen).
De início não eram inimigos, pelo contrário, possuíam grandes ligações econômicas, os nobres dispunham de lã que era comprada pelos burgueses que a beneficiavam e vendiam, assim ambos lucravam.

A DINASTIA DOS STUART E A PRÉ-REVOLUÇÃO

Elizabeth morreu em 1603 sem deixar herdeiros e Jaime I, rei da Escócia e seu primo, assumiu o trono. Ele procurou estabelecer as prerrogativas reais implantando uma monarquia absoluta de direito divino na Inglaterra. Perseguiu seitas radicais e até os católicos.
A oposição entre rei e Parlamento ficou evidente a partir de 1610. O rei queria uma ocupação feudal na Irlanda; o Parlamento, uma colonização capitalista. Discordaram quanto aos impostos, pois o rei pretendia o monopólio sobre o comércio de tecidos, o que o tornaria independente do Parlamento financeiramente, considerando-se que já possuía rendas de suas próprias terras e de outros monopólios. Essa tensão entre o Rei e o Parlamento acabou resultando na dissolução deste último.
Com a morte de Jaime I em 1625, sobe ao trono seu filho Carlos I. Em 1628, guerras no exterior, mais precisamente na Escócia, o obrigam a convocar um Parlamento hostil, uma vez que o rei precisava de empréstimos, o Parlamento aceitou emprestar o dinheiro, contanto que o Rei assinasse Petição dos Direitos, um conjunto de leis que visava diminuir o poder do rei. Os membros da casa exigiam o controle da política financeira, controle da convocação do exército e regularidade na convocação do Parlamento, já que lhe negaram a aprovação de rendas fixas. Todavia, o parlamento voltou a ser dissolvido, esse período ficou conhecido como Pequeno Parlamento, pois durou pouco tempo.
Novos conflitos internos forçaram o rei Carlos I a reabrir novamente o Parlamento, todavia mais uma vez este veio a entrar em atrito com o Parlamento, uma vez que o monarca passou a cobrar impostos caídos em desuso, como o Ship Money, instituído em cidades portuárias para combater a pirataria e agora estendido a todo o reino. Como a forma de enquadrar os dissidentes era a política religiosa, Carlos tentou uniformizar o reino, impondo o anglicanismo aos escoceses, calvinistas. Eles se rebelaram e invadiram o norte inglês. O rei convocou o Parlamento em abril de 1640 e o dissolveu em seguida. Em novembro, sem opções, convocou-o de novo. Foi o Longo Parlamento, pois se manteve até 1653.

AS PORTAS DA REVOLUÇÃO

Nesse jogo de Abre Parlamento e Fecha Parlamento o atrito entre ambos chegou ao limite com o Parlamento dirigindo a Grande Remonstrance, quer dizer, publicamente repreenderam o Rei, este furioso exigiu a prisão de alguns líderes do parlamento, houve uma reação violenta que foi sustentada nas milícias urbanas que foram convocadas pelo Parlamento.


A GUERRA ESTOURA

Antes de mais nada é bom lembrar que a luta do rei não foi contra todo o Parlamento, e sim contra a Câmara dos Comuns. Ao lado do Rei e da Câmara dos Lordes lutaram os Cavaleiros, do lado da Câmara dos Comuns, e de seu comandante Oliver Cromwell estavam o exército de novo tipo, este possuía uma estrutura diferenciada, os cargos não eram definidos por riqueza e sim por qualidade como guerreiros, essa característica fez com que estes exército fosse bem mais preparado e incentivado que o exército dos cavaleiros, essa realidade abria possibilidades para outros grupos, mais radicais e populares, como os Levellers (Niveladores, que queriam que todos fossem considerados iguais) e os Diggers (Escavadores, que queriam uma distribuição de terras para os camponeses), esses grupos possuíam interesses mais sociais.
Em meio ao conflito o rei se refugiou na Escócia, foi preso e vendido pelo Parlamento escocês ao
Parlamento inglês.
Criou-se novo problema: setores do Parlamento, achando oportuno o momento para um acordo vantajoso com a realeza, passaram a conspirar com o rei contra o exército. Este estava organizado e influenciado por radicais, como os niveladores, que queriam evitar a desmobilização e o não-pagamento dos salários, como pretendia o Parlamento. Aprofundou-se a diferença entre os grandes do exército e suas bases de niveladores, com projeto avançado para a época. Eles tentaram assumir o controle do exército em 1647 e o rei aproveitou para fugir de novo. O exército se reunificou, prendeu o rei e depurou o Parlamento. Foram presos 47 deputados e excluídos 96: era o Parlamento Coto (Rump). Carlos I foi decapitado em 30 de janeiro de 1649, a Câmara dos Lordes abolida e a República proclamada em 19 de maio.

A REPÚBLICA DE CROMWELL /PROTETORADO

O Parlamento sofreu nova depuração. Um Conselho de Estado, com 41 membros, passou a exercer o Poder Executivo. De fato, quem o exercia era Cromwell; ele procurou eliminar a reação realista que, com apoio escocês, tentava pôr no trono Carlos II, filho de Carlos I. Cromwell também eliminou os radicais do exército. Os líderes niveladores foram executados; os escavadores, do movimento proletário rural que pretendia tomar terras do Estado, da nobreza e do clero anglicano, foram dizimados. Liquidado o movi­mento mais democrático dentro da Revolução Inglesa, os menos favorecidos ficaram sem esperanças.
Em 1653, foi dissolvido o que restava do Longo Parlamento. Uma nova Constituição deu a Cromwell o título de Lorde Protetor. Tinha poderes tão tirânicos quanto os da monarquia. Ofereceram-lhe a coroa, mas ele recusou: já era um soberano e podia até fazer o sucessor. Para com­bater os rivais holandeses e fortalecer o comércio exterior inglês, baixou o Ato de Navegação. As mercadorias inglesas somente podiam entrar em portos ingleses em navios ingleses ou em navios de seus países de origem. Cromwell governou com rigidez e intolerância, impondo suas ideias puritanas. O filho Richard Cromwell o substituiu após sua morte em 165 8 e, pouco firme, foi facilmente deposto em 1659.


A RESTAURAÇÃO MONÁRQUICA E A REVOLUÇÃO GLORIOSA

Carlos II foi proclamado rei em 1660. Com poderes limitados, ele se aproximou de Luís XIV da França, tornando-se suspeito para o Parlamento. Uma onda contra-revolucionária sobreveio, favorecida por um Parlamento de Cavaleiros, composto por nobres realistas e anglicanos em sua maioria. O corpo de Cromwell foi desenterrado e pendurado na forca. Carlos II baixou novos atos de navegação em favor do comércio inglês. Sua ligação com Luís XIV levou-o a envolver-se na Guerra da Holanda. O Parlamento baixou então, em 1673, a Lei do Teste, pela qual todos os que exercessem função pública deveriam professar seu antianglicanismo.
Jaime II, irmão de Carlos II, subiu ao trono mesmo sendo católico. Buscou restaurar o absolutismo e o catolicismo. Indicou católicos para funções importantes. Em 1688, o Parlamento convocou Maria Stuart, filha de Jaime II e mulher de Guilherme de Orange, governador das Províncias Unidas, para ocupar o trono. Foi um movimento pacífico. Jaime II refugiou-se na França e um novo Parlamento proclamou Guilherme e Maria rei e rainha da Inglaterra, esse movimento é conhecido como REVOLUÇÃO GLORIOSA.
Os novos soberanos tiveram de aceitar a Declaração dos Direitos, baixada em 1689, que decretava: o rei não podia cancelar leis parlamentares e o Parlamento poderia dar o trono a quem lhe aprouvesse após a morte do rei; haveria reuniões parlamentares e eleições regulares; o Parlamento votaria o orçamento anual; inspetores controlariam as contas reais; católicos foram afastados da sucessão; a manutenção de um exército em tempo de paz foi considerada ilegal.


CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INGLESA

Abriam-se as condições para o avanço econômico que resultaria na Revolução Industrial. De um lado, uma revolução na agricultura através dos cercamentos que beneficiou a gentry. De outro, a expansão comercial e marítima garantida pelos Atos de Navegação, que atendiam aos interesses da burguesia mercantil. Assim se fez a Revolução Gloriosa, que assinalou a ascensão da burguesia ao controle total do Estado.

Dúvidas

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